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O termo ‘memento mori’ é uma expressão latina que significa “lembre-se de que morrerá”. A frase traz uma reflexão filosófica sobre a mortalidade humana, que tem sido praticada por diferentes culturas e filosofias ao longo da história.

A reflexão sobre a morte pode causar medo e ansiedade, mas também pode ser um estímulo para viver a vida com mais intensidade, dando-lhe o verdadeiro valor. Assim, ao lembrarmos de que somos mortais, podemos nos tornar mais conscientes da importância de cada momento, valorizar mais aquilo que temos e construir relações mais significativas.

Na filosofia, o memento mori foi utilizado por diferentes pensadores, como os estoicos, os cínicos e os epicuristas. Vejamos a seguir o que significou para cada corrente filosófica e como aplicá-lo em nossas vidas.

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O que significa Memento Mori?

Diz-se que na Roma Antiga, quando um general retornava vitorioso de uma batalha, era conduzido ao Senado para receber homenagens. Ele era transportado em uma carruagem de guerra aberta, puxada por cavalos, permitindo que o povo o aplaudisse ao longo do trajeto.

No entanto, algo curioso ocorria: um escravo acompanhava a carruagem a pé, subindo nela a cada 500 metros para sussurrar ao ouvido do comandante a frase “memento morri”, que significa “lembre-se de que morrerá”. Esse gesto tinha como objetivo reiterar ao general que, apesar de sua conquista, ele era humano como qualquer outro e que a morte era uma possibilidade que todos enfrentariam, cedo ou tarde.

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Longe de ser uma fixação mórbida, ‘memento mori’ encoraja-nos a reconhecer a natureza transitória da nossa existência, inspirando-nos a viver com intenção, coragem e gratidão. Na sua forma mais simples, é um lembrete de que sua morte é inevitável e que seu tempo é limitado.

Haverá um dia em que você e eu não acordaremos para aproveitar o lindo caos da vida. Haverá um dia que tudo será feito pela última vez, sem que nos demos conta. Eis uma das garantias da vida. Não importa onde você nasceu, quão rico você é ou o que você fez durante sua vida, você um dia morrerá!

Memento Mori na visão dos estoicos, cínicos e epicuristas

Memento Mori é um termo que se espalhou pelo tempo e pela cultura, tendo sido bastante usado na filosofia estoica, mas não somente. Ao nos convindar à atenção plena e à presença, incitando-nos a contemplar a impermanência da vida e a inevitabilidade da morte, o imperativo “lembre-se de que morrerá”, adquiriu diversos significados para as filosofias antigas, tais como:

Estoicos

Os estoicos acreditavam que a morte era um evento natural e inevitável, portanto, não deveria ser temido. Para os filósofos estóicos como Sêneca, Epicteto e Marco Aurélio, a melhor forma de lidar com a morte era aceitar sua inevitabilidade e viver a vida com sabedoria e virtude.

O imperador estóico de Roma, Marco Aurélio, disse certa vez:

“Você poderia deixar a vida agora. Deixe que isso determine o que você faz, diz e pensa”

Já o filósofo estóico Epicteto recomenda que sempre que você passar algum tempo com seus entes queridos, sempre que abraçar sua família ou beijar seu parceiro, lembre-se de que eles são mortais. Um dia, eles não estarão lá.

Cínicos

Os cínicos, por outro lado, acreditavam que a morte era uma libertação do corpo e da dor. Para eles, a melhor forma de viver era aproveitar a vida ao máximo e não se preocupar com a morte. Além disso, os cínicos, como Diógenes, praticavam o memento mori ao viverem uma vida simples e frugal, que os lembrava da transitoriedade das coisas materiais.

Epicuristas

a morte para os epicuristas também era um fato natural e inexorável, que não deveria ser temido. Afinal, acreditavam que a morte era a cessação da consciência, e que, portanto, não era algo que pudéssemos experimentar.

No epicurismo, a melhor forma de lidar com a morte era viver a vida com prazer e evitar o sofrimento. Outra forma de praticar o memento mori era se envolver em atividades que nos lembravam da nossa mortalidade. Por exemplo, os epicuristas apreciavam a beleza da natureza, um lembrete constante da efemeridade da vida.

Como aplicar o Memento Mori em nossa vida?

Embora atrelado às filosofias antigas, o memento mori é uma reflexão que pode ser aplicada à vida cotidiana de diferentes maneiras. Vejamos a seguir algumas delas:

Reflita diariamente: reserve alguns momentos todos os dias para contemplar a impermanência da vida e a inevitabilidade da morte. Essa prática pode te ajudar a manter os pés no chão, priorizar o seu tempo e energia e te fazer lembrar de aproveitar ao máximo cada momento.

Aprecie a beleza da natureza: a natureza é um lembrete constante da nossa mortalidade. Ao apreciar a beleza de uma flor, de uma árvore ou de um pôr do sol, você pode se lembrar de que a vida é preciosa e deve ser vivida com intensidade.

Tome decisões consciente : ao se deparar com decisões, grandes e pequenas, use o memento mori como princípio orientador para avaliar as escolhas diante de você. Pergunte a si mesmo: “Se meu tempo fosse limitado, como eu gostaria de gastá-lo?”, “Quais ações e prioridades seriam mais significativas para mim?”

É isto! Esperamos que este post tenha te ajudado a entender que a vida é efêmera e que a morte é o preço de ser. Que todos os dias, ao se levantar, você se lembre da brevidade de sua existência e de que hoje pode ser o seu último dia.

Gabriel Mello

Sou doutorando em Letras e mestre em Filosofia pela Universidade Estadual de Maringá. Valendo-me da alma inquieta de um filósofo e dos despropósitos de um menino que carrega água na peneira, escrevo sobre as grandes questões e temáticas da Filosofia e da Literatura.

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