O que é estoicismo: definição, princípios e os maiores filósofos estoicos

O estoicismo é uma filosofia que teve suas raízes na Grécia Antiga e ganhou destaque durante o período romano. Seu nome deriva do Pórtico (Stoá Poikíle), onde o fundador da escola, Zenão de Cítio, ministrava suas aulas.

A filosofia estoica busca proporcionar orientações práticas para uma vida ética e plena, enfatizando a importância do autocontrole, da aceitação das circunstâncias externas e do desenvolvimento da sabedoria. Desse modo, em vez de se deixar levar por emoções descontroladas diante dos altos e baixos da vida, os estoicos buscam cultivar uma mente tranquila e racional.

5 principais ensinamentos estoicos

Agora que já entendemos o que é estoicismo, devemos considerar que a filosofia estoica não é apenas uma filosofia teórica, mas uma abordagem prática para a vida diária.

Assim, ao internalizar os ensinamentos estoicos, é possível enfrentar os altos e baixos da existência com resiliência, sabedoria e virtude. Para tanto, confira a seguir os 5 princípios do estoicismo.

1.   Controle seu interior

O cerne do estoicismo reside na compreensão de que muitos eventos na vida estão além do nosso controle. No entanto, embora, por vezes, não possamos mudar os eventos externos, os estoicos argumentam que temos controle sobre nossas próprias atitudes e ações.

Assim, ao invés de nos deixarmos levar pelas oscilações externas, devemos focar no desenvolvimento do autocontrole e na gestão sábia de nossas reações emocionais.

2.   Aceite o que não pode controlar

Uma das pedras angulares do estoicismo é a aceitação das coisas que não podemos mudar. Isso não significa resignação passiva, mas sim reconhecimento da realidade tal qual ela é.

Desse modo, ao aceitar as circunstâncias que estão além do nosso controle, podemos direcionar nossos esforços para agir de maneira construtiva nas áreas que podemos mudar de fato, evitando a dispersão de energia e saúde mental. Afinal, a vida é extremamente breve para perdemos tempo com o que foge de nossas mãos.

3.   Viva em conformidade com a natureza

Os estoicos propõem que devemos viver de acordo com a natureza, não apenas a natureza física, mas também a natureza racional e moral. Isso implica agir em conformidade com princípios universais de razão e ética, buscando virtudes como Coragem, Sabedoria, Justiça e Autodisciplina. Tais princípios são condizentes com a natureza mesma do ser humano.

4.   Desapegue-se das posses materiais

Um dos princípios do estoicismo diz respeito ao desapego de tudo aquilo que não diz respeito ao ser, mas simplesmente ao ter. Em verdade, o estoicismo desencoraja a busca desenfreada por bens materiais. Assim, ao praticar o desapego, os adeptos podem liberar-se das preocupações excessivas com riquezas e status, concentrando-se em desenvolver um caráter moralmente virtuoso.

5.   Pratique a virtude

O maior ensinamento estoico consiste na virtude como o Bem Supremo. Isso porque os estoicos acreditam que a verdadeira felicidade está na prática constante da virtude. Agir com Coragem, Justiça, Sabedoria e Temperança é fundamental para alcançar a tranquilidade interior.

Aliás, concentrar-se no desenvolvimento pessoal e no exercício de valores éticos eleva a qualidade de vida e contribui para um sentido mais profundo de propósito. Além disso, um homem virtuoso, segundo a sabedoria estoica, estaria menos propenso a ser controlado pela impulsividade das paixões.

Grandes filósofos estoicos e seus ensinamentos

Figuras notáveis da antiguidade, os filósofos estoicos deixaram um legado duradouro que continua a inspirar pessoas do mundo todo e, claro, sem eles os princípios estoicos jamais existiriam. Vejamos a seguir suas contribuições!

Zenão de Cítio: O Pai do Estoicismo

Zenão de Cítio, nascido por volta do século IV a.C. na cidade de Cítio, no Chipre, é reconhecido como o fundador da escola estoica e uma figura central no desenvolvimento dessa filosofia.

Uma das contribuições mais significativas de Zenão foi sua ênfase no autocontrole. O filósofo ensinava que a verdadeira liberdade reside na capacidade de controlar nossas próprias reações e emoções, independentemente das circunstâncias externas. Ao reconhecer a soberania sobre nossas escolhas, podemos moldar ativamente nossas vidas de maneira alinhada com a virtude.

Vale dizer que, infelizmente, nenhuma das obras escritas por Zenão chegou até nós, com exceção de citações fragmentárias que foram preservadas por autores que viveram posteriormente.

Sêneca: O Estoico Pragmático

Lúcio Aneu Sêneca, um dos mais proeminentes filósofos estoicos, emergiu como uma figura marcante no estoicismo. Nascido em Córdoba, Espanha, por volta de 4 a.C., Sêneca dedicou sua vida a explorar e comunicar os princípios do estoicismo de uma maneira acessível e aplicável à vida cotidiana.

O filósofo romano é amplamente conhecido por suas inúmeras obras, incluindo cartas, ensaios e tragédias. Aliás, destacou-se por suas obras sobre ética e moralidade, sendo “Sobre a Brevidade da Vida” um dos seus títulos mais conhecidos e um dos melhores livros sobre estoicismo.

Suas cartas, dirigidas a um jovem chamado Lucílio, destacam-se por oferecer conselhos práticos sobre como aplicar os princípios estoicos nas situações do dia a dia. Já as suas tragédias, como “Medeia” e “A Loucura de Hércules”, exploram temas como a resiliência, a aceitação das adversidades e a compreensão de que as dificuldades são parte integrante da existência.

Epicteto: O Filósofo da Resiliência

Nascido escravo em Hierápolis, Frígia, por volta de 55 d.C., Epicteto transformou sua vida por meio da filosofia estoica, tornando-se um dos mais influentes pensadores dessa escola.

Epicteto encontrou na filosofia estoica uma forma de liberdade interior mesmo quando sua realidade era limitada, posto escravo. O pensador ensinou que, independentemente das condições externas, a verdadeira liberdade reside na capacidade de controlar as próprias percepções e reações frente ao mundo.

Desse modo, o cerne do ensinamento de Epicteto está na ideia de que o sofrimento não provém das circunstâncias em si, mas da maneira como as interpretamos.

Em outras palavras, o filósofo incentivava a prática da resiliência ao enfrentar desafios, ensinando que podemos manter nossa paz interior ao escolher responder de maneira equilibrada e racional às situações adversas. Vale lembrar que os grandes ensinamentos de Epicteto estão compilados em sua célebre obra “Arte de Viver”.

Marco Aurélio: O Imperador Estoico

Marco Aurélio, o último dos “Cinco Bons Imperadores” de Roma destacou-se não apenas por sua liderança como governante, mas também por sua profunda adesão aos princípios estoicos.

Nascido em 121 d.C., Marco Aurélio governou o Império Romano de 161 a 180 d.C., e suas “Meditações” (obra que compila as suas reflexões pessoais) permanecem uma fonte inspiradora de sabedoria filosófica até hoje.

Uma das principais lições das “Meditações” é a aceitação serena do dever e do destino. Marco Aurélio compreendia que, como imperador, estava destinado a enfrentar desafios e responsabilidades. Sua atitude estoica o ajudou a aceitar esses fardos com serenidade, buscando sempre agir com retidão.

Além disso, o imperador filósofo destacava a importância do controle emocional. Ele reconhecia que a raiva, o medo e a ansiedade eram reações naturais, mas buscava manter um domínio firme sobre essas emoções para agir com clareza de pensamento e discernimento.

O legado de Marco Aurélio é tão sólido que “Meditações” tem sido considerado um livro de cabeceira por várias personalidades famosas ao longo do tempo. Diversos líderes, filósofos e figuras influentes encontraram inspiração em suas reflexões, dentre eles: Santo Agostinho, John F. Kennedy e Tom Brady.

E você? Curtiu conhecer um pouco mais sobre o que é estoicismo e os grandes pensadores que representam essa filosofia? Se este post foi útil para você, continue navegando pelo Templo do Eremita e descubra como a filosofia estoica pode mudar a sua vida.