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O Modernismo no Brasil representou uma ruptura radical com as tradições estéticas e culturais do passado, abalando as estruturas tradicionais e abrindo caminho para uma nova era na arte e na literatura. A Semana de Arte Moderna de 1922, por exemplo, marco inicial do movimento, foi um grito de liberdade e ruptura que ecoou por todo o país, influenciando profundamente as diferentes formas de expressão artística.

Ora, não nos restam dúvidas que o modernismo brasileiro renovou as artes, influenciou a formação da identidade nacional e contribuiu para a construção de uma sociedade mais plural e democrática. Seus ecos ainda ressoam na produção artística contemporânea do país.

Por isso, hoje, desvendaremos as características marcantes do Modernismo, suas fases de desenvolvimento e os principais autores que o impulsionaram. Se liga aí!

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Entenda o contexto histórico

No início do século XX, o Brasil vivia uma fase de transformações sociais e econômicas. A urbanização, a industrialização e a ascensão da classe média geraram novos anseios e debates.

A Semana de Arte Moderna foi a síntese desse momento, reunindo artistas que buscavam romper com o academicismo europeu e criar uma linguagem artística genuinamente brasileira. No entanto, as décadas que antecederam a Semana de 22 foram um caldeirão efervescente de mudanças, rupturas e contradições, que moldaram o caldo cultural que nutriu o movimento modernista.

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O mundo que emergiu da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) era profundamente diferente daquele que a precedeu. A Europa, berço da cultura ocidental, estava em frangalhos. Impérios ruíram, valores tradicionais foram questionados e a crença no progresso cego foi abalada. A Belle Époque, com suas festas e elegância, deu lugar a um clima de desilusão e pessimismo.

No Brasil, a Primeira Guerra Mundial também teve seus impactos. A crise econômica, que se seguiu ao conflito, gerou insatisfação popular e alimentou o movimento tenentista. Formado por jovens oficiais do Exército, o tenentismo defendia reformas sociais e políticas, como o voto secreto, a reforma agrária e a nacionalização das empresas estrangeiras.

Em meio a esse turbilhão de mudanças, a Semana de Arte Moderna de 1922 foi um grito de liberdade estética. Reunindo artistas de diferentes áreas, o evento rompeu com as amarras do academicismo e inaugurou uma nova era na cultura brasileira.

As três fases do modernismo brasileiro

É importante entender que Modernismo não foi apenas um movimento artístico. Foi também um projeto de construção da identidade nacional.  Desse modo, os artistas modernistas buscavam criar uma linguagem artística genuinamente brasileira, que incorporasse elementos da cultura popular, indígena e afro-brasileira. Comumente, o modernismo brasileiro é dividido em três fases distintas, a saber:

Primeira Fase (1922-1930): Semana de Arte Moderna

A Semana de Arte Moderna, realizada em 1922 em São Paulo, foi um marco crucial. Artistas como Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Tarsila do Amaral buscaram quebrar com os padrões artísticos vigentes, propondo uma arte mais autêntica e brasileira. Para tanto, introduziram novas formas de expressão que incorporavam elementos da cultura popular, folclore brasileiro e influências de movimentos vanguardistas europeus.

Desse modo, essa primeira fase, também chamada fase heroica, foi marcada pela ruptura estilística e temática. Os autores queriam a liberdade dos preceitos e dos conteúdos academistas.

As obras desse período tinham a originalidade no verso livre, a fusão e sobreposição de imagens e uso de coloquialismo, tudo isso aderido a temas do ambiente moderno das cidades.

Segunda Fase (1930-1945): Regionalismo e Engajamento Social

A segunda fase, por sua vez, que começou mais ou menos em 1930, é marcada por revoluções políticas e pela troca dos temas na literatura, a paisagem e a cidade abrem espaço para o homem, para quem vive no centro urbano. O humor sai de cena para o ativismo social subir ao palco.

Nesta fase, o Modernismo expandiu-se para além de São Paulo, abraçando temas regionais e sociais. Autores como Graciliano Ramos e Rachel de Queiroz exploraram a realidade brasileira, dando voz aos excluídos e marginalizados.

Terceira Fase (1945-1960): Concretismo e Abstracionismo

A terceira fase do Modernismo no Brasil trouxe movimentos como o Concretismo e o Abstracionismo. Aqui, artistas como Lygia Clark e Lygia Pape experimentaram com formas abstratas e conceitos mais universais.

Essa fase foi marcada por acontecimentos, nacionais e internacionais, que bagunçaram a vida dos escritores, como a morte de Mário de Andrade e o fim da Segunda Guerra Mundial.

Características do Modernismo Brasileiro

Nacionalismo e Rompimento com o Passado: o Modernismo no Brasil buscava uma identidade cultural própria, afastando-se das influências europeias e buscando inspiração nas raízes nacionais.

Experimentação e Inovação Estética: os artistas modernistas buscavam novas formas de expressão, experimentando com técnicas e estilos inovadores. A arte não era apenas um reflexo da realidade, mas uma maneira de transformá-la.

Engajamento Social e Político: muitos artistas modernistas viam a arte como uma ferramenta de transformação social. Engajaram-se em questões políticas e sociais, contribuindo para a construção de uma consciência crítica na sociedade.

Conheça os principais autores modernistas e suas obras

Nomes como Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Carlos Drummond de Andrade e Clarice Lispector despontaram como os principais autores do modernismo brasileiro. Cada um com seu estilo único e contribuições inestimáveis para a construção da identidade cultural brasileira. Conheça-os a seguir!

Mário de Andrade

Mário de Andrade (1893-1945) foi um escritor, poeta e musicólogo que desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento do Modernismo no Brasil. Sua obra, marcada pela experimentação formal e pela valorização da cultura popular, influenciou profundamente as gerações subsequentes de escritores.

Obras essenciais:

  • Macunaíma (1928): rapsódia épica que narra a saga de um herói sem caráter, Macunaíma, em uma jornada surreal pela formação da identidade nacional.
  • Pauliceia Desvairada (1922): livro de poemas que celebra a metrópole paulista e rompe com as convenções poéticas tradicionais.
  • Amar, Verbo Intransitivo (1927): romance experimental que explora a temática do amor e da sexualidade de forma inovadora.

Oswald de Andrade

Oswald de Andrade (1890-1954) foi um poeta, escritor e dramaturgo que se destacou pela radicalidade de suas propostas estéticas. O “Manifesto Antropófago”, de sua autoria, é considerado um dos documentos mais importantes do Modernismo brasileiro.

Obras essenciais:

  • Memórias Sentimentais de João Miramar (1924): romance autobiográfico que narra a trajetória de um poeta em busca de identidade.
  • Serafim Ponte Grande (1933): romance experimental que satiriza a política e a sociedade brasileira da época.
  • O Rei da Vela (1937): peça de teatro que subverte os valores tradicionais e explora a temática do poder.

Carlos Drummond de Andrade

Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) foi um dos maiores poetas brasileiros de todos os tempos. Sua obra, marcada pela ironia, pelo humor e pela reflexão sobre a condição humana, conquistou reconhecimento internacional.

Obras essenciais

  • Poema de Sete Faces (1930): livro de poemas que marca a ruptura com o sentimentalismo e o nacionalismo ufanista da primeira fase do Modernismo.
  • Alguma Poesia (1930): coletânea que reúne poemas de diferentes fases da carreira do autor, explorando temas como o amor, a morte e o tempo.
  • A Rosa do Povo (1945): livro de poemas que reflete sobre o engajamento social e político do poeta.

Clarice Lispector

Clarice Lispector (1920-1977) foi uma das escritoras mais inovadoras e influentes do século XX. Sua obra é atravessada pela introspecção, pela subjetividade e pela linguagem poética, conquistando leitores em todo o mundo.

Obras essenciais:

  • Perto do Coração Selvagem (1943): romance de estreia que narra a jornada de autodescoberta de uma jovem mulher.
  • O Pasquim das Torturas (1964): romance experimental que explora a temática da tortura e da violência.
  • A Hora da Estrela (1977): romance que narra a história de Macabéa, uma migrante nordestina que vive na periferia de São Paulo.

Prontinho! Agora que já está por dentro do que foi o modernismo no Brasil, que tal compartilhar esta publicação com os amigos nas redes sociais? Para mais conteúdos como esse, basta continuar navegando pelo Templo do Eremita.

Gabriel Mello

Sou doutorando em Letras e mestre em Filosofia pela Universidade Estadual de Maringá. Valendo-me da alma inquieta de um filósofo e dos despropósitos de um menino que carrega água na peneira, escrevo sobre as grandes questões e temáticas da Filosofia e da Literatura.

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