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Em face a seguinte questão: “qual o significado da vida?”, o niilismo é uma corrente filosófica que nega qualquer esperança de propósito e significado existencial.

Em termos simples, o niilismo diz respeito a uma corrente filosófica que defende que a vida não tem significado objetivo, valor intrínseco ou propósito. É a concepção que defende que todos os valores são infundados e que nada pode ser de fato conhecido para além da própria experiência subjetiva do sujeito.

Neste artigo, exploraremos o niilismo em sua essência, desvendando suas origens, principais ideias e os principais filósofos niilistas que marcaram o seu legado na história da filosofia.

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O que é Niilismo, afinal?

O termo ‘niilismo’ deriva da palavra em latim ‘nihil’, que significa ‘nada’. As origens do niilismo remontam à filosofia antiga, com pensadores como Górgias e Pirro, os quais questionavam a verdade absoluta pré-estabelecida.

No entanto, foi no século XIX que o niilismo ganhou força, principalmente na Rússia, com autores como Dostoiévski, que explorou o conceito em suas célebres obras da Literatura Russa, como “Os Irmãos Karamazov”. Além disso, o niilismo foi popularizado a partir da ascensão das ideias de filósofos como Friedrich Nietzsche, que o introduziu como uma crítica radical às estruturas de valores estabelecidas pela sociedade.

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No geral, para os niilistas, a vida carece de um propósito intrínseco, e todas as crenças e valores são considerados ilusões, que obscurecem a verdade fundamental da existência.

Principais ideias niilistas

Uma das ideias centrais do niilismo é a negação de qualquer forma de absoluto, seja ético, moral ou metafísico. Desse modo, segundo os filósofos niilistas, não existe um significado predefinido para a vida, nem padrões universais de bom e mal, certo e errado.

Essa perspectiva desafia as noções convencionais de moralidade, abrindo espaço para uma liberdade radical. Desse modo, segundo os pensadores niilistas, cada indivíduo é livre para criar seu próprio sentido último à vida em um mundo aparentemente vazio de significado e despropositado. Vale dizer que o niilismo se manifesta em diferentes vertentes, No entanto, todas compartilham algumas características, a saber:

Rejeição da verdade absoluta: o niilista questiona a existência de verdades universais e imutáveis. Para ele, a verdade é relativa e individual.

Crença na inexistência de um propósito universal: no niilismo não existe a crença em um plano divino ou em um significado imanente à vida. Sendo assim, a existência humana é vista como despropositada.

Crítica à moral convencionada: filósofos niilistas questionam a validade da moral tradicional, considerando-a como imposta de forma arbitrária, sem qualquer fundamento.

Desvalorização da cultura e das instituições sociais: em correntes filosóficas niilistas, geralmente, encontramos fortes críticas às instituições sociais, como a religião, o Estado e a família. Isso porque, de acordo com esta visão, são consideradas opressoras.

Quais são os principais filósofos niilistas?

Filhos do nada e defensores do vazio existencial, os pensadores por trás da filosofia niilista deixaram as suas marcas na história. Vejamos alguns dos filósofos mais proeminentes dessa corrente filosófica, que abraçaram e desenvolveram as ideias do niilismo, desafiando as noções convencionais de existência.

1.  Friedrich Nietzsche

Nenhuma reflexão sobre filosofia niilista seria possível sem mencionar Friedrich Nietzsche. O filósofo alemão do século XIX é mundialmente reconhecido como o pai do niilismo, especialmente por suas obras “Assim Falou Zaratustra” e “Genealogia da Moral”.

Nietzsche desafiou as concepções pré-estabelecidas de moralidade e verdade em muitas de suas obras, argumentando que o universo é essencialmente sem sentido e que cabe a cada indivíduo criar seu próprio significado para a vida.

2.  Arthur Schopenhauer

Conhecido por seu pessimismo, Arthur Schopenhauer é outro filósofo importante que contribuiu para a propagação do niilismo. Aliás, a sua filosofia influenciou profundamente Nietzsche e outros pensadores niilistas.

Schopenhauer via a vida como despropositada e atravessada por sofrimento, este essencial a toda e qualquer existência. Nesse sentido, propôs uma visão pessimista do mundo, onde a Vontade é uma força cega que subjuga todos nós. Assim, uma vez reféns da Vontade, não seríamos livres para fazer o que queremos, tampouco para querer o que queremos, segundo o filósofo.

3.  Søren Kierkegaard

Embora nunca tenha se identificado como niilista, Kierkegaard abordou temas como o desespero e a angústia existencial em seus escritos, que se conectam com o niilismo.

Sua obra “O Conceito de Angústia” explora a angústia como um sentimento que surge da liberdade individual e da falta de um fundamento último para a vida. Desse modo, Kierkegaard defende que só podemos nos realizar de fato quando confrontamos a incerteza e o vazio do mundo com autenticidade.

4.  Albert Camus

Albert Camus, embora não seja estritamente um niilista, explorou ideias relacionadas ao niilismo em seu conceito de ‘absurdo’. Em obras como “O Estrangeiro” e “O Mito de Sísifo”, Camus argumenta que a busca por significado em um universo indiferente não é outra coisa senão absurda.

No entanto, Camus sugere que enfrentemos o absurdo da condição humana com uma revolta apaixonada, lúcida e corajosa, criando nosso próprio significado à vida em face do vazio que a assola.

Gabriel Mello

Sou doutorando em Letras e mestre em Filosofia pela Universidade Estadual de Maringá. Valendo-me da alma inquieta de um filósofo e dos despropósitos de um menino que carrega água na peneira, escrevo sobre as grandes questões e temáticas da Filosofia e da Literatura.

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